Wednesday, September 17, 2008




Ensaio sobre a nossa cegueira


Sim é óbvio que já fui ver "Ensaio sobre a cegueira", não dá para não ver o que foi tão falado nos últimos meses dessa história e estória do Fernando Meirelles e Saramago.


Eu sou mais uma das admiradoras do pensamento de direção do Fernando Meirelles e já nos primeiros minutos se sente a diferença na fotografia tão luminosa que será durante as quase duas horas de filme, tudo claro, clarissimo tanto na luz como nas roupas, nos ambientes, nos carros. A cegueira é iluminada!!!!!


Mas e o em torno?Aí vem a história!!!!!


Apesar de ter um marido oftamologista que esta interessado muito sobre o caso da cegueira repentina de seu paciente japonês, ela , esposa esta lá preparando um chantilly branco para comer com o tiramissu do jantar e que ele nem percebe o que ela faz. Após o jantar, ela toma o vinho sozinha na cozinha enquanto o lava das louças. De repente ele olha para ela como querendo falar algo e não se lembra. Claro que é aquele silêncio masculino que nos mulheres conhecemos do deixei de perceber algo e o que será? Fala que a torta estava ótima e ela fala que era tiramissu, o que ele queria falar vai saber ... Mas nos mulheres sempre entendemos com carinho e afeição a incapacidade real da fala de nossos homens, mesmo com o escritor Saramago.....


Aqui um a parte, o filme saiu graças a esposa do Saramago pois foi ela que convenceu seu marido a dar o direito ao roteirista canadense amigo dela e depois do casal. Ah, essas mulheres!!!!!


E no dia seguinte o oftalmologista fica cego, que desespero, e sua esposa ali falando que estará com ele e espera o horário para a remoção que a principio seria só dele e ela o convence que será por pouco tempo mas na hora de colocá-lo dentro da ambulância de remoção ela fala que ficou cega também!!!!


Aqui começa a realidade da cegueira nesse país imaginário saramaguês onde junta-se pessoas que ficam cegas em alas de um antigo sanatório fazendo uma grande alusão aos campos de exterminio do holocausto e quem detêm ainda a visão fica do lado de fora mandando, segregando e acumulando mesmo no caos.


E é diferente no sanatório? Não! Uma das alas é só masculina e ali se fixa a lei do mais forte, do poder, da ditadura, do rei despota na imagem do mignon Gael Garcia Bernal onde tudo será relegado a ele e seus súditos. Ali impera a degradação humana através do acúmulo, da força bruta masculina roubando a comida e exercendo a coersão, o medo nos demais seres humanos!


Seria só esta ala? Não! Através dos guardas masculinos vemos o poder da superioridade com as armas em punho para barrar a saída dos internos por qualquer coisa, impedindo ajuda médica aos com ferimentos e aos que não estão nas linhas determinadas são mortos à tiros, sim cegos em linhas determinadas, meu Deus homens e sua mania suprema de poder por coersão, medo, autoridade, brutalidade, deboche, força!!!!


Mas vemos o filme pela visão da mulher do oftalmologista.

Juliane Moore é quem nos dá a real clareza do significado da cegueria humana onde mulheres mesmo no maior desespero de não ter a visão continuam com sua dignidade do compartilhar mesmo o infortunio.
Ah! Essa capacidade é algo raro, mas existe sim mais mulheres doadoras do que homens e vale aqui lembrar que nessa e em muitas outras situações não tentem ler meu texto como feminista, estou falando de algo realmente comprovado cientificamente pois mulheres são empatia e homens são lógica, uma diferença real e que só temos que saber lidar, conviver, aprender e quem sabe evoluir um pouquinho para cada genêro.


Essa mulher esta num lugar em que é a única que enxerga e vai degradando com o passar do tempo em: instalações insuficientes, roupa e ambiente imundo, pouca comida mas tem que se seguir lutanto mesmo que para isso tenha que passar por cima da incapacidade do marido que ainda se torna incomodado com o cuidado da esposa pois acha que ela é superior, lidar com a maldade do deboche dos guardas, da agressão por ver de um dos cegos de sua ala que sentir a sua visão, ver a degradação do respeito na infidelidade do marido com uma das cegas no refeitório depois de ter sido grosseiro com sua esposa na divisão da comida, pois estava com um sentimento de inferiodade nas negociações com o rei Gael, ainda assim nesse momento ela pede silêncio aos dois traidores e fala para a moça de óculos mansa, calma e numa dignidade feminina que ela enxerga.


Dentro dos não limites da sobrevivência ela ainda irá servir de moeda nas negociações que passam para a pior escala que é o corpo das mulhers por comida, sim o estupro, essa mulher que foi traída e mais as outras que tem uma relação de carne e sexo bem diferente dos homens serão a carne daqueles que se acham superiores naquele sanatório degradado pela cegueira da sobrevivência, ali morre uma das carnes, sim uma das mulheres e essa mulher do oftalmologista que tem que se reinventar e através dela se desenrola o final com morte, fogo que queima tudo e a liberdade deste novo/velho campo de concentração humana.


Eu fico muito, muito feliz por ter visto o filme, me doeu algumas cenas mas me fez muito bem ao meu pensamento, e o que mais quero falar é que apesar de termos uma mulher conduzindo a estória quem escreve essa história é um homem, a distância é enorme entre nossas visões mas quando estamos juntos ela fica bem mais definida.



1 comment:

Anonymous said...

E eu, eu mesma e maíra, estavam lá!
Foi uma belíssima tarde de ensinamentos, reflexoes e conversas.
Adorei!

Otimo texto..!